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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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02.08.24

REANIMAR


sempreemfrente

          

          No contexto atual, deparamo-nos com tanta solicitação que quando alguém expressa estar animado(a) por buscar o autoconhecimento, e conseguir responder as demandas cotidianas, ficamos perplexos(as) com tanto entusiasmo. O que mais desejamos é poder descansar e contemplar as coisas ao nosso redor sem que nos sintamos obrigados(as) pela circunstância a responder aos pedidos constantes. Como dar conta de todos esses excessos com vigor?

 

           Não tenho a pretensão de trazer a resposta, mas quiçá estimular à reflexão sobre como estamos diante de tanta cobrança em dar respostas imediatas aos pedidos que nos são feitos.

 

           Algumas pessoas apresentam um pensamento acelerado e são ansiosas, ocupam o pensamento até responder ao pedido insistente. No final do dia, ficam cansadas, muitas vezes, por estar com o pensamento sobrecarregado. Essa situação acaba as tornando reféns de uma entidade abstrata que integra a consciência e um número infinito de processos cognitivos que é a nossa mente.

 

           Será que somos livres para escolher o que pensar? Somos livres para fantasiar, sonhar, imaginar e pensar, mesmo confinados(as) atrás de uma grade, já que a mente jamais pode ser aprisionada.

 

         Segundo o filósofo francês Jean-Paul Sartre, o ser humano está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si próprio. Livre, porque somos responsáveis por tudo o que fizermos.

 

        É pertinente mencionar o que a autora Tereza Cristina Saldanha Erthal, em seu livro Terapia Vivencial escreveu,

 

     “a liberdade só possui significado através da ação, com a capacidade do indivíduo de impor modificação na realidade.

A expressão “O inferno é o outro”, esboçada na peça Entre quatro paredes (Sartre, 1947), demonstra a relação perigosa e assustadora que o outro estabelece- tal como explica O ser e o nada. O outro tenta conquistar a consciência do outro, e assim, a liberdade de um inibe a liberdade do outro. Nessa batalha de consciência, que é o inferno, ambos se necessitam para justificar sua culpa. O outro é o espelho da própria condenação. Entretanto, tal concepção é reformulada, na sua segunda fase, numa espécie de paradoxo dialético, qual seja, quanto mais experimento minha liberdade, mais reconheço a do outro.”

 

Uma vez que não só experimentamos a liberdade , mas também somos capazes de impor a modificação da realidade, precisamos levar em conta algumas variáveis: a nossa história, os meios aptos disponíveis para superar as dificuldades e desfazer a complexidade ambiental, as redes de apoio que podem nos ajudar a enfrentar a enxurrada de exigência...enfim, tudo o que possa contribuir para o encontro pessoal com mais autenticidade, que nos leve a conseguir transmitir limites quando percebermos que a nossa liberdade e força estão em perigo.

 

Destarte, a complexidade do mundo atual acaba nos envolvendo de tal forma que se não estivermos comprometidos(as) com a nossa liberdade, transformação, ideias e com o mundo em que vivemos, podemos nos sentir amarrados (as), desanimados(as) e acreditar que não temos força para nos mexer nem transformar a realidade com mais vigor. Logo, reanimar é um verbo que nos leva à ação, leva-nos ao autoconhecimento. Ao compromisso com o devir humano para nos tornar pessoa, através de um contexto interpessoal em que o homem e o meio são responsáveis pela sua atualização, sendo responsáveis pelo seu crescimento, onde suas potencialidades e forças são compartilhadas com os outros com mais ânimo, mesmo que isso cause espanto em uma sociedade de excessos.