PODER
sempreemfrente
Inicialmente, quando penso em uma pessoa com poder, logo me vem na mente a palavra força. Contudo, o conceito de poder não se esgota na força física ou moral. Também, pode-se tratar da capacidade de imposição, argumentação, convencimento, pela capacidade de influenciar ou quanto pelo charme carismático. Ter a possibilidade de conquistar algo ou alguém é fascinante!
Em contrapartida, precisamos ser cuidadosos(as), para não correr o risco de cairmos na monotonia existencial, ao acreditarmos que o poder nos basta e acabarmos ficando confortáveis como as coisas já estão. Cabe aqui uma advertência preciosa: atenção para não nos imobilizarmos na acomodação e na satisfação.
O escritor latino da Roma Antiga, Publilio Siro (85-43 a.C), dizia que
“o plano que não pode ser mudado não presta.”
Precisamos aprender a ser mais flexíveis, não volúveis, e alterar a rota, quando necessário. Existem pessoas que se agarram ao poder de forma inflexível. Não questionam a situação. Mesmo diante das evidências, não desenvolvem outras atitudes para tornar a situação mais leve e mais cheia de sentido. Correm o risco de deixar a vida seguir de modo automático.
Pode ser que o poder que tenham seja suficiente, não cause incômodo nem as afete. Também, nenhuma vibração intensa as visite. Essas pessoas vivem de forma morna nem fria e nem quente.
“Como está o casamento?”
“Ah, ruim com ela/ele, pior se ela/ele.”
“Ah, vamos levando.”
“Por que não vai morar em outra cidade?”
“Ah, não! Recomeçar a vida em outro lugar dá muito trabalho.”
O poeta paulistano Paulo Bonfim, no livro O colecionador de minutos (Gente, 2006), escreve que
“não devemos nunca nos acostumar com a vida, isso seria a morte.”
Estarmos satisfeitos e nos acomodar com o poder pode ser muito perigoso e raso, pois toda satisfação tende a nos acalmar e nos limitar. É pertinente mencionar que somos seres da insatisfação. Estamos a todo momento desejando algo e precisamos ter alguma dose de ambição para nos impulsionar a querer mais e melhor. Porém, não basta desejar ou querer, apenas.
Vale realçar as palavras de Aristóteles, Ética a Nicômaco.
“Realizando coisas justas, tornamo-nos justos; realizando coisas moderadas, tornamo-nos moderados; fazendo coisas corajosas, tornamo-nos corajosos.”
O desejo tem um papel importante, mas não é decisivo para realizar um projeto. Almejar algo implica ter motivação, preparo, planejamento e competência. Precisamos, muitas vezes, juntar saberes, competências e condições para realizarmos o nosso projeto, seja pessoal ou profissional, de forma a nos sentirmos vivos(as).
Isso nos exigirá a capacidade de autoconhecimento. Descobrir as nossas habilidades e capacidades. Ter consciência das nossas fragilidades e vulnerabilidades. Procurar buscar ajuda e agregar a expertise que não temos, porque podemos até ter poder, mas dificilmente teremos todos os atributos necessários para executar um projeto com maestria.
Portanto, diante de um problema, a quem fixe o olhar apenas na dificuldade. Mas existem aquelas pessoas que se atêm na solução. Conseguem enxergar os obstáculos, mas não se prendem a eles. Entendem que a vida é feita de desafios e adversidades em maior ou menor grau. Lutam por melhores condições e não se contentam com o poder que tem, mesmo ele sendo fascinante. Procuram sempre fazer melhor ainda, com uma inteligência focal, esperança ativa, persistência e compromisso ético.