PERIGO DO MUNDO
sempreemfrente
Existem várias situações em que sentimos a nossa existência ameaçada. Amar pode dar medo, principalmente, quando sentimos a presença de um apego afetivo sobre o disfarce de um amor romântico que poderá enterrar a nossa vida.
Estar em conexão com os nossos desejos, limites, crenças, valores e medos será fundamental para que possamos nos manter vivos sem a inconveniência do apego afetivo.
A presença de uma pessoa ao nosso lado continua sendo importante. Não nascemos para estar sozinhos(as). Entretanto, parece que de alguma maneira homens e mulheres têm um grande desafio a enfrentar: o amor superar o medo.
As mulheres de hoje não mais enxergam no casamento a segurança. Se não estão felizes na relação, dão um ponto final nela e partem para uma outra, dando o primeiro passo na conquista. Em contrapartida, os homens perderam esse lugar o qual estavam tão habituados, o do conquistador, do provedor que tinha a relação em seu controle. Essa posição superior dava segurança aos homens.Por causa dessas mudanças, encontramos muitos homens inseguros sem saber como lidar com a nova mulher, mais empoderada que sabe o que quer.Contudo, tanto os homens como as mulheres estão procurando encontrar um caminho, um modo de se relacionar mais pleno sem medo de amar.
Mas o que é o amor? Certamente, a palavra amor é muito limitada para expressar o seu significado. Ainda assim, para algumas pessoas é um sentimento, para outras é uma decisão de vida como uma forma de encarar o mundo e a própria existência , uma ação, uma energia/força que movimenta a humanidade ou mesmo uma grande viagem feita com alguém. Independentemente do conceito, precisamos estar atentos(as) para não sermos enganados(as) com o falso amor, pois o amor não nos deixa infelizes, amargurados(as) e dependentes afetivamente.
Desejar uma vida estável e confiante não significa que precisamos alimentar a dependência emocional, ao ponto de ficarmos obsessivos(as) diante da possibilidade de um término.
Por isso, a importância do autoconhecimento, do mergulho na própria vida, para identificar o medo do abandono ou o aumento da sensibilidade à rejeição afetiva. Entender a nossa história afetiva, descobrir onde nos deparamos com a infidelidade, perdas, renúncias, rejeições e o medo de amar.
Destaco a frase de Walter Riso,
“O amor sempre se reflete no que somos.”
Experiências dolorosas em nosso passado podem provocar medo de novos sofrimentos. A rejeição pode ter sido devastadora. Desta forma, precisaremos aprender a conviver, lidar com a incerteza e desenvolver um amor-próprio para estruturar relações mais profundas. Quando não conseguimos nos amar acabamos por projetar esta dificuldade nas outras pessoas e acreditamos que não podemos ser amados(as).
Como escreveu Jerusa Borges,
“Me perdoe,
Se descubro em você minhas fraquezas,
Me perdoe, se vejo em você minha feiura, minhas asperezas.
Me perdoe, se jogo demais em você os meus sonhos.
Meus ideais, meu irreal.
Me procuro na direção oposta, até entender que não estou em você e me descobrir,
Para sentir, de fato, o amor e encontrá-lo sem buscas nem direção,
Simplesmente sendo.”
Enfim, no amor realizamos a nossa história. O amor é muito mais que um encontro a dois, é inerente ao ser humano. Quando estamos com alguém, plenamente, damos a chance ao nosso crescimento e a oportunidade de conhecer o outro e a nós mesmos. É um grande aprendizado. Vencer o medo da entrega, da vulnerabilidade e se permitir conhecer no íntimo. O amor dá coragem para enfrentarmos o perigo do mundo externo e interno. Uma vez que temos a coragem, precisamos, também, desenvolver a disciplina e humildade para aprender, quantas vezes for necessário, a demonstrar a nossa afetividade, atualizando-nos com os nossos desejos e com os de quem estiver ao nosso lado. Programar o futuro e viver o presente consciente de que podemos amar e ser amados sem o medo de ser ameaçados(as).