Nota-se, segundo o dicionário Online de Português, que o significado do verbo pronominal fitar, refere-se a olhar alguém e receber o mesmo olhar, no mesmo momento. Será que no contexto atual da internet, estamos conseguindo prestar atenção nas pequenas demandas de quem está próximo e praticar a escuta ativa?

           No contexto pandêmico, muitas pessoas se viram diante da mudança da sua rotina e precisaram aprender a trabalhar de forma remota. Além disso, descobriram outras maneiras de se relacionar consigo, com as pessoas à distância e com o tempo. Foram diversas microrrevoluções que despontaram nesse período.

           Porém, como tudo na vida tem seu ônus e bônus, não seria diferente com o uso das plataformas (redes sociais). Grande parte das pessoas tiveram sua saúde mental afetada (dependência, ansiedade, depressão, isolamento...) e suas relações fora da tela ficaram prejudicadas sem tempo para se conectar em relações reais, quiçá aprender a ter uma escuta ativa que é importante para desenvolver uma comunicação adequada e eficaz.

           A escuta ativa, de acordo com a Psicologia, é uma técnica de comunicação assertiva, baseada na aceitação e empatia. A pessoa mantém uma relação dialógica, que acontece a partir do diálogo onde o receptor começa por interpretar e compreender a mensagem que o emissor transmite. Durante o diálogo ou processo de comunicação, a pessoa que utiliza esta técnica fica atenta, também, aos gestos e emoções de quem emite a mensagem. Ela está presente e interessada pelo assunto do interlocutor. Escuta mais e julga menos.

           Essa habilidade de estar inteira durante o diálogo é uma arte benéfica que melhora a comunicação e os relacionamentos, principalmente quando é mútua.

            De acordo com Atos dos Apóstolos 3,3-6,

        “Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola.  Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse: “Olha para nós”. Ele os olhou com atenção, esperando receber deles alguma coisa. Pedro, porém, disse:” Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho, eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!”.

          Portanto, fitar os olhos em alguém é muito mais que olhar, apenas. É enxergar a pessoa que está na nossa frente, escutar e não só ouvir, ter empatia, estar presente, aceitar, entender e acolher o seu contexto histórico, compreender os seus valores e crenças e respeitar o seu jeito de Ser. Diante disso, que possamos construir uma história mais humana. Ao decidirmos prestar socorro que seja de um modo que contribua com a qualidade de vida de quem vem ao nosso encontro, conectado(a) ou não a internet.