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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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01.06.25

A TRAVESSIA: O ENCONTRO COM A MUDANÇA


sempreemfrente

       Há momentos inesperados em que cruzamos o caminho de alguém disposto a nos ajudar a ressignificar experiências dolorosas ou a nos libertar delas. No entanto, em vez de trazer alívio imediato, essa oferta pode gerar ansiedade, pois nos confronta com uma escolha fundamental: arriscar e transformar-se ou permanecer na zona de conforto.

 

       Escolher é um ato de coragem e pode alterar tudo. Contudo, é preciso enfrentar o dilema que acompanha essa decisão—um conflito muitas vezes alimentado pelo medo do desconhecido. O que fazer? Aceitar a ajuda e abrir-se para novas possibilidades ou permanecer preso às vivências que dificultam o avanço?

 

       A resposta está intrinsecamente ligada à nossa capacidade de lidar com a angústia, que surge da hesitação diante da mudança. Segundo a visão existencialista, a permanência no sofrimento e na estagnação pode limitar profundamente nossa existência, impedindo a exploração plena de nosso potencial—um estado que pode ser visto como uma espécie de "patologia".

 

   Jean-Paul Sartre observa que "a angústia neurótica surge no indivíduo como resultado da exagerada reação ao não-ser, do medo de perder a relação com o outro e da enfrentação das possibilidades de realização" (Tereza Erthal). Quando o medo paralisa e impede a pessoa de se tornar quem deseja ou pode ser, o "Self" se dilui, suas potencialidades deixam de se manifestar, e a vida se torna rígida, dificultando a construção de relações autênticas.

 

   Isso ocorre especialmente quando ficamos excessivamente presos(as) ao passado ou às expectativas do futuro, utilizando-os como defesas contra um presente que percebemos como ameaçador. “É no experienciar que se fazem opções e, evidentemente, corre-se risco. Indivíduos que acabam por optar por comportamentos neuróticos o fazem por medo de arriscar se perder, e por isso não arriscam ser. Expressando preocupação pelo que já ocorreu, pretendem modificar o que está por vir, de acordo com seus ideais e não com suas experiências. Tentando se proteger do temor de perder a vida—vivem o temor de perder suas próprias defesas—paradoxalmente, se perdem na vida.” (Ibid.)

 

    A psicoterapia surge como uma ferramenta essencial nesse processo, resgatando a liberdade interior e ajudando a pessoa a compreender o "vazio existencial" que nasce da frustração de não saber o que precisa ou deseja fazer. Encontrar um sentido real para a vida possibilita escolhas mais livres e responsáveis, revelando caminhos antes bloqueados pelos sintomas defensivos.

 

    Assim, aceitar ajuda—especialmente a de um(a) psicólogo(a)—pode ser um passo decisivo na busca pela autorrealização, permitindo uma comunicação mais harmoniosa consigo mesmo e com os outros.