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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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22.07.23

ESPERANÇA


sempreemfrente

      Quando o que realizamos passa a não ter mais conexão com aquilo que acreditamos, tende o trabalho a ser estranho. Buscar enxergar um sentido naquilo que fazemos parece fundamental para que possamos ter esperança em nosso futuro e, quiçá, em nós mesmos.

 

      Entretanto, não é fácil, principalmente, quando entendemos que o trabalho precisa nos proporcionar qualidade de vida. Porém, como ter essa qualidade de vida diante dos dissabores e desafios ao precisar enfrentar o transporte público de uma sociedade caótica que rouba o nosso tempo, diariamente? Muitos trabalhadores e trabalhadoras passam um grande tempo dentro de um transporte para se locomover do trabalho para casa. Ao chegar no destino estão cansados(as) e estressados(as) com tanto descaso: ônibus quebrados, falta de ares-condicionados nos transportes, insetos passeando dentro deles, trens parados, um enorme intervalo de um transporte para outro...

 

      Estamos vivendo há muito tempo uma crise em que o transporte público é apenas uma fatia de um grande sistema adoecido. Como lidar com tudo isso sem adoecermos, também? Estamos carentes de tantas coisas! As nossas necessidades parecem que estão sendo anuladas.

 

      Trabalhar não devia ser visto como um fardo e, sim, um prazer de estar realizando uma atividade que nos proporciona qualidade de vida. Os erros e as dificuldades deveriam ser corrigidos, mas ao invés disso, punem a classe trabalhadora. Uma vez que, a tratam com total descuido, desatenção, negligência e desrespeito. Chega apresentar um comportamento bem perverso. Aniquilar as necessidades e a individualidade das pessoas é um total horror.

 

      Arendt destaca,

 

“Destruir a individualidade é destruir a espontaneidade, a força do homem para iniciar algo novo a partir de seus próprios recursos, algo que não se pode explicar com base em reações ao ambiente e aos acontecimentos.”

 

      É muito triste enxergar a destruição da massa trabalhadora. As pessoas passam não só a não ter voz, mas também, a não existir nem para si. Todo e qualquer protesto passa a não ter sentido, pois o próprio ser de cada trabalhador e trabalhadora perdeu qualquer significância.

 

      A cultura dominante a cada dia nos identifica pelo que produzimos, as quantidades de visualizações nos reels, seguidores nas redes sociais e curtidas, antes do que pelo que somos.Quem poderia resolver o problema parece não ter nenhuma sintonia com quem precisa das soluções.

 

       De acordo com Daniel Goleman,

 

“Quando nos sintonizamos com alguém, é inevitável sentirmos as mesmas coisas que essa pessoa, ainda que de forma sutil. Apresentamos tamanha semelhança que as emoções dela entram em nós – mesmo quando não queremos que isso aconteça.”

 

      Acredito que estamos precisando dessa sintonia, uma grande revolução das relações humanas. Sem a sintonia com as nossas emoções fica difícil falar em mudança, pois quando estamos em harmonia geramos benefícios interpessoais que pode ser um prazer visceral.

 

      Tampouco, precisamos reavaliar à nossa maneira de ser em relação a outra pessoa, desenvolver atitudes empáticas. A empatia é uma qualidade especial em uma relação e contribui para a amplitude das diferenças observadas e proporciona a confirmação da nossa existência por outrem.

 

      Segundo Buber,

 

“A empatia proporciona esta confirmação necessária de que existimos como pessoa individual, valorizada e possuidora de uma identidade.”

 

       A identidade do indivíduo é uma identidade social, e talvez deva ser reconstruída após os estragos e golpes sofridos.

 

      Portanto, quem sabe a partir da sintonia e empatia, consigamos nos restabelecer enquanto sociedade, restituir a nossa identidade, enxergar um sentido naquilo que fazemos, ter o reconhecimento no coletivo e, enfim, ter esperança. Em Coríntios, 9 “Quem trabalha deve trabalhar com esperança e igualmente quem debulha deve debulhar com esperança de receber a sua parte.”