Muitas vezes nos encontramos tão cansados(as) que fica difícil até para levantar os olhos. Quando nos decepcionamos com pessoas que poderiam esticar as mãos para nos amparar, recolhem-nas. Quando estamos caminhando com dificuldades, seja pelo cansaço ou por nossos limites, fingem que não estão nos vendo ou mesmo caçoam. O que fazer?

      Entendo que precisamos buscar forças internas, olhar para dentro de nós para que não nos percamos em meio a tanta ignorância e desumanidade.

      Sabemos que ninguém irá ficar para semente. Iremos envelhecer aos poucos até chegar a nossa morte ou morreremos antes de estarmos idosos. Isso é Fato. Contudo, existe uma parcela de pessoas que parece que insiste em não querer enxergar a mortalidade e acaba realizando a discriminação e o preconceito em razão da idade(etarismo).

         Pessoas preconceituosas expressam sua raiva e intolerância em todas aquelas que tem uma idade mais avançada. Demonstram que se incomodam em olhar para o envelhecimento de outras por não aceitar o seu próprio. Querem entubar a sua mente limitante às pessoas idosas.

“O etarismo se manifesta de várias formas. Essas atitudes e ações dificultam a aceitação e acentuam a negação da velhice. A discriminação por idade é mais forte em sistemas onde a sociedade aceita a desigualdade social.

(Vania Herédia, presidente do departamento de gerontologia da SBGG- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

       No dia a dia vemos isso acontecer das mais variadas formas. Muitas vezes o etarismo vem velado, silencioso e se manifesta por meios que podem ser bastante sutis. Frases são ditas: Você não tem mais idade para isso! ou vá descansar. Quanta arrogância! Quem disse que quem tem muitos anos de vida não pode mais se matricular em uma Universidade, entrar para uma academia, candidatar-se para ser síndico(a), namorar, sair para dançar com amigos(as)?

       Enquanto tivermos um sopro de vida, podemos fazer escolhas que proporcionam e colaboram para o nosso bem-estar. O estereótipo de que a idade é um empecilho afeta a qualidade de vida de muita gente. Existem pessoas que ao invés de fechar seus ouvidos para esse conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada pelo senso comum sobre alguém ou algo, estão tão enfraquecidas e sozinhas que dão ouvidos a esses conceitos limitantes e rótulos. Isso afeta a vida dessas pessoas, fazendo com que sofram, afastando-se do convívio social, deprimindo-se à ponto de deixar de se cuidar.

     Vamos lembrar que na legislação brasileira, etarismo é crime e os(as) idosos(as) estão amparados(as) pelo Estatuto da Pessoa Idosa que estabelece meios para protegê-los(as) contra possíveis abusos. Portanto, desqualificar alguém por causa da sua idade é crime de injúria qualificada.

  Destaco do Estatuto da Pessoa Idosa,

 "Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

• 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.

• 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente."

      Então, pelos fragmentos destacados da lei do Estatuto da Pessoa Idosa, nenhuma pessoa idosa pode sofrer discriminação. Envelhecer é um processo natural. E envelhecer com qualidade de vida é um privilégio negado a muitos. Que possamos valorizar cada idade, cada ruga, cada experiência vivida e compartilhada. Certos de que nenhuma idade nos define. Tampouco, o que pensam de nós. É fundamental que possamos desenvolver novas atitudes sobre a conscientização do conhecimento sobre o envelhecimento e da importância da pessoa idosa em nosso convívio social. E que essa mudança precisa começar dentro da nossa casa. Promover o convívio intergeracional e ações para inseri-los na sociedade com um novo olhar, mais acolhedor recheado de respeito e amor.