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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

15.11.22

PÉROLA


sempreemfrente

       Cuidar de nós mesmos muitas vezes não é fácil, principalmente nos dias de hoje. Vivemos uma vida acelerada, estressante e sem tempo ou sem vontade para olhar para nós mesmos(as). Existem inúmeras cobranças para enchermos nossa agenda com atividades mais variadas possíveis. Entretanto, costumamos relegar, deixando para o segundo plano, os conjuntos de ações que exercemos para cuidar de nós mesmos(as) e que promovem uma melhor qualidade para nossa vida.

 

      Parece que essas ações quando desenvolvidas passam a ser um tesouro, uma pérola. Talvez uma das mais preciosas riquezas que uma pessoa pode descobrir por acaso ou depois de muito procurar, faz de tudo para conseguir para si.

 

       Aqui estão algumas delas que precisamos passar a colocar em nossa agenda:

     

      1-Reservar um tempo para cuidar de nós mesmos;

      2-Praticar alguma atividade física, procurar nos manter em movimento;

      3-Sair do isolamento e marcar um encontro com pessoas que gostamos;

     4-Estar mais próximos(as) da natureza. Fazer um passeio ao ar livre e contemplar o verde;

     5- Dormir bem;

     6-Manter hábitos alimentares saudáveis com qualidade nutricional boa;

     7- Amar sem apegos, desenvolvendo um estilo de vida voltado para a liberdade pessoal;

     8- Reservar um tempo para o lazer;

     9-Procurar dizer não para o que nos faz mal;

   10-Fazer psicoterapia para conhecer a nós próprios e desenvolver o nosso crescimento em                             todas as áreas da nossa vida;

 

     Passar a colocar em prática essas ações costuma ser uma grande resistência diante de tantas cobranças, principalmente para as mulheres. É praticamente uma luta feminina, pois fomos criadas a ouvir que nascemos para cuidar dos outros. Porém, cuidar do outro não significa não cuidar de nós próprios ou cuidar de nós não significa não se importar com os outros.

 

      O autocuidado é um processo em constante construção, são pequenas ações diárias que causam um impacto enorme em nossa saúde mental, e que aos poucos procura desenvolver a inteligência emocional e a resiliência diante das dificuldades que se apresentam no cotidiano.

 

    Jamais será um autocuidado ações que realizamos por obrigação, sem nenhuma motivação envolvida, que nos sobrecarregam ao praticarmos atividades que levamos em consideração a opinião dos outros em relação a nós mesmos, realizando atividades que sempre estão boas para outrem e nunca para nós. Precisamos estar atentos(as) a esses sinais que são os indícios que a nossa saúde emocional necessita de cuidados.

 

    Logo, é nessa hora que precisamos ir em busca de uma psicóloga habilitada a nos ajudar com o nosso autocuidado emocional, a resolver conflitos e a ter uma melhor qualidade de vida para que possamos sair do piloto automático, entender como podemos cuidar da nossa saúde mental e passar a dar importância para o autocuidado que é indispensável, uma verdadeira pérola. O acompanhamento psicológico além de ser uma ferramenta para cuidar de nós mesmos(as), também é transformador, porque promove diversas mudanças de nossos hábitos, sentimentos e pensamentos negativos. Também, ajuda a reavaliar nossos costumes, valores e crenças. Bem como, passamos a conhecer, entender a nossa história e a deixar de ser coadjuvantes para ser protagonistas ao escolher e desenvolver ações que priorizam a nossa vida, nosso autocuidado e beneficiam a nossa saúde mental.

 

 

 

 

 

02.11.22

LUTO


sempreemfrente

 

Caminhos e luto

 

Por Erika Pallottino

 

    Nossas escolham são redefinidas nos encontros, nas novas tarefas, frente a novos desafios. Nossos passos, transformados a cada novo caminhar, em cada possibilidade de troca de olhar, nas construções do cotidiano. Acaso nos leva a lugares novos, por vezes, perigosos, outras, em jogos de emoção e sedução. Destino, que pode pregar peças, ser oráculo, ou feito de travesseiro molhado nas lágrimas da madrugada. Nos enlutamos o tempo todo sem nem perceber. Perdemos a todo momento, sem pensar no que representa o símbolo do envelhecer. Luto não é cair, desabar, chorar e lamentar apenas. Luto é transição na contramão, é quebra do caminho, é recomeço sem entendermos como e por que se rompeu. Luto é vida no refazimento possível dos recortes soltos, é junção e união de peças com sentido que, esparramadas, se perdem em sua direção. Luto é reagir e sobreviver, mesmo quando o caminho nebuloso não pode ser visto. Luto é revisitar nossos espaços de solidão, silêncio e, ainda assim, repousar nas memórias, lamentar a ausência, conversar imaginariamente com a certeza que o outro nos ouve. Luto é não perder a conexão, é não fazer da ausência,falta. Luto é amar que a gente se encontrou, que a gente se amou, mas que, um de nós, partiu. "Deixo contigo um pedaço meu. Para sempre."

 

 

  O luto passa?



     O luto passa? Essa é uma questão para muitos enlutados e também para a rede de apoio que acolhe e acompanha alguém querido em sofrimento.

Normalmente quando me fazem essa pergunta, eu devolvo com outra: O amor passa?

 

     Para melhor exemplificar o que eu quero dizer, vou tentar explicar de uma forma mais técnica, porém, clara.

 

     Para essa pergunta, se apresentam duas questões:

     1) O que é o luto agudo.

     2) Como olhamos o processo de luto.

     Luto agudo é o momento do processo de luto onde a dor emocional é sentida através de forte e intenso sofrimento. Se caracteriza por um desinvestimento quase total das atividades cotidianas, das relações interpessoais, dos desejos da vida. A pessoa se sente isolada do mundo e no mundo. Se torna quase um estranho de sua própria vida. A vida durante esse período, na verdade, é feita por recortes de saudades, lágrimas, oscilações que podem acontecer no humor, no apetite, e no sono. É uma etapa onde o enlutado se sente cansado, mesmo sem fazer grandes esforços físicos. O que acontece é que o esforço emocional é grande demais, exaustivo e trabalhoso pois ele precisa aprender a estar em um mundo sem o ente querido que, até aquele momento, o referenciava.

 

   O tópico número 2 deste artigo fala sobre o olhar para esse processo, custoso e dolorido, que é o luto.

 

    Olhamos para o luto como uma reação que vem em resposta ao amor. Só existe reação à perda, composta por afetos como, choque, medo, raiva, incredulidade, desesperança, angústia, sensação de desamparo, entre outros, porque o vínculo que nos liga a pessoa que se foi é muito significativo.

 

    Percebam: eu uso o verbo no presente ---> "o vínculo que nos liga é muito significativo." Essa posição verbal já declara a permanência deste vínculo. Quero dizer com isso que ele não termina.

 

    Sempre digo aos meus pacientes: "A morte tem uma grande força, derruba muita coisa, abala quase tudo, mas não tem a capacidade de destruir o amor." E não tem mesmo!

 

   O laço afetivo significativo, quando estabelecido, é eterno em nosso mundo interno. Amamos na presença e o processo de luto nos ensina a amar na ausência.

 

    É como se fosse necessário fazer uma "arrumação" na dor, uma espécie de "limpeza" no pesar para acharmos no ali no meio, embolado e as vezes confuso, o tanto de amor que existe.

 

     Escolher viver com o amor ameniza o sufoco da dor.

 

    Mas do que é feito esse amor? Das lembranças, dos detalhes cotidianos, das aventuras vividas, das reconciliações estabelecidas, da admiração e da escolha por estarem juntos, do futuro que foi planejado (vivido ou não), dos sentimentos construídos...

 

    O amor é feito do que é simples, do que tece e costura a vida de todo dia, da presença contínua, estável e tranquilizadora. É feito do olhar que acalenta, que acolhe e ajuda a seguir.

 

    Todos esses sentimentos, se conseguirem ser identificados, estão bagunçados no meio da dor. Na "limpeza" da dor, muitas vezes, conseguimos chegar até eles.

 

    Ah, e quando os reencontramos, que alívio sentimos.

 

    É reconfortante a permanência trazida pelo amor.

 

    Então, eu devolvo a pergunta: O luto passa?

 

   Se ele é resposta do amor, não, não passa. Ele vive com a gente, dentro do nosso mundo interno, integrado ao nosso ciclo vital. Ele desperta em datas significativas, ele grita em situações onde lembramos da pessoa amada. Aprendemos a ceder um espaço para essa dor, como se a acomodássemos dentro de nós.

 

   Já o luto agudo, o período gritante, excruciante e devastador, esse sim, deve e precisa passar. Adoecemos por conviver tempo demais com ele. A dor que grita sem dar trégua, desconfigura toda vida e aí fica muito difícil de seguir.