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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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15.07.22

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL:ENTENDA QUANDO SITUAÇÃO PASSA DO LIMITE


sempreemfrente

   Por: Simone Cunha

           Do VivaBem,em SP

      A dependência emocional costuma ter sinais claros, mas quem está na situação nem sempre consegue enxergá-los. Ciúme, controle e possessividade são indicadores dessa dependência que, em geral, acomete relacionamentos conjugais. Mas também pode acontecer entre amizades e familiares: aquele amigo que quer atenção integral ou uma mãe que acredita que precisa dar atenção total a um único filho, podem indicar o problema. "O conflito e as diferenças podem não ter espaço, pois se aparecem, ameaçam a continuidade do vínculo, podendo gerar rompimento", justifica a psicóloga Débora S. de Oliveira, docente do Curso de Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

      E isso ocorre justamente porque foi instalada uma dependência emocional. O outro passa a ser colocado em uma posição no qual preenche o vazio, como se fosse o responsável pela sua completude. Porém, esse tipo de relacionamento não é saudável e, muitas vezes, é necessária ajuda profissional para conseguir reconhecê-lo. É importante analisar os vínculos Desde a infância, precisamos de vínculos seguros que irão garantir um processo chamado apego seguro. E isso não significa apenas proximidade, mas uma relação de qualidade, quantidade e frustrações, possibilitando ao indivíduo o desenvolvimento de uma confiança e segurança na relação com os outros. "Tal processo facilita o crescimento emocional na medida em que se leva em conta as necessidades e respostas de cada um", informa Oliveira.

      Na prática, os relacionamentos bons criam um senso de liberdade e as pessoas ficam juntas por prazer e não porque precisam uma da outra. O contrário disso caracteriza uma dependência, condição emocional ou comportamental que afeta a habilidade da pessoa em ter um relacionamento saudável e mutualmente satisfatório trazendo impactos negativos para esse convívio.

      "A dependência emocional é muito presente em relacionamentos difíceis que acabam criando um ciclo vicioso de ciúme e possessividade, o dependente quer vigiar o outro e este se sente sufocado, podendo até se afastar", explica Fabrício Guimarães, professor do Departamento de Psicologia Clínica da UnB (Universidade Federal de Brasília).

         A face inicial do problema

     Quem sofre com a dependência emocional tende a querer exclusividade e, para isso, pode se valer de persuasão e chantagem. Nada do que o outro faça longe dele, ou seja, outros contatos e situações, têm valor. "O dependente costuma criticar tudo que o outro faz ou conquista em que ele (o dependente) não esteja presente, como se qualquer ação sem a sua participação fosse problemática", detalha Guimarães.

    A proposta é manter um isolamento, como se a atenção do outro devesse ser exclusiva ao dependente. O especialista da UnB diz que essa situação pode ser muito presente entre mãe e filho que desenvolve algum tipo de dependência química, como se a genitora lhe devesse total atenção para superar o problema. E ela, por se sentir responsável e até culpada pela situação, acaba dedicando-se integralmente ao filho doente.

     A dependência emocional em seu início parece banal, e até aceitável. Mas ela pode evoluir para situações de total controle e violência. E isso costuma ser muito recorrente em relacionamentos conjugais que, mesmo trazendo dores e sofrimento, acabam se perpetuando mesmo com um convívio doentio.

      Quem pode sofrer com isso

     Por muito tempo, a dependência emocional esteve relacionada à figura feminina. O tema foi abordado até em novela e acabou ganhando notoriedade como 'mulheres que amam demais'. No entanto, nos últimos anos, os homens também passaram a ser diagnosticados com o problema. "Eles podem ser muito dependentes emocionalmente e, por isso têm dificuldade em aceitar uma separação, por exemplo. Usam a violência, as agressões e a perseguição para evitar que a parceira vá embora", exemplifica Guimarães.

      Segundo o docente, casos em que o homem tira a vida da parceira e suicida-se podem ser um sinal de dependência emocional. "É importante que os homens também falem sobre relacionamentos, pois precisam de ajuda para perceber a violência que cometem", considera Guimarães. Mas, na prática, qualquer pessoa pode cair nessa armadilha independentemente de gênero, faixa etária ou classe social.

      Como perceber o problema

     Extremos costumam ser fáceis de identificar. "O ciúme também é uma característica muito frequente, pois a pessoa fica refém daquele relacionamento querendo manter um controle exacerbado por medo de abandono", elucida o psiquiatra Aderbal Vieira Junior, responsável pelo ambulatório de tratamento de dependências de comportamentos do Proad da Unifesp (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo). O psiquiatra explica que para quem convive com a situação ou está próxima dela pode ser mais fácil notar o desequilíbrio. No entanto, essa dependência tende a provocar uma anestesia emocional que impossibilita o paciente de perceber o problema.

      Vencer essa dependência é possível

    Assim como existem pessoas que não conseguem se livrar das drogas ou da bebida, também é possível tratar a dependência emocional. Portanto, a ajuda profissional pode ser imprescindível para vencer o problema. "A terapia ajuda a encontrar padrões repetitivos de relacionamentos com dependência emocional, além de auxiliar na busca de alternativas sem que se fique preso em buscas por relações 'que vão me fazer feliz', como se a felicidade pudesse ser encontrada no outro", afirma Oliveira.

    Também é fundamental prevenir que essa dependência emocional se instale. E isso provoca uma mudança de comportamento sociocultural, afinal é fundamental desmistificar o amor romântico. "O amor e o afeto não precisam aprisionar. Ninguém vive em função do outro, e muitos consideram que o controle é uma expressão do amor, mas não é", alerta Guimarães. Em geral, muitas pessoas buscam ajuda na iminência do abandono ou quando o outro realmente se afasta, mas é possível iniciar um tratamento antes disso para elevar a autoestima e vencer alguns padrões limitantes.

01.07.22

SOCORRO


sempreemfrente

       Após ler a passagem bíblica Mt.9,9-13 “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes.", peguei-me refletindo sobre as atitudes que estamos tendo uns com os outros diante de tantas doenças que estão surgindo ou retornando em nossa sociedade. Será que estamos socorrendo quem está precisando?

 

    Vivemos em um mundo imediatista. Recebemos a todo instante a mensagem de que surge um aplicativo novo que irá nos ajudar a não perder tempo. Não precisaremos estar mais, presencialmente. Uma vez que, estar no local, fisicamente, parece que está ficando fora de moda e passa a ser um grande impeditivo para aproveitarmos melhor o nosso tempo. Contudo, parece que essa emergência imposta nos afastou de enxergarmos qual população está adoecida, clamando por ser socorrida.

 

    De acordo com RJ1, jornal regional da Globo, a cidade do Rio de Janeiro, atualmente, tem mais de 7.200 pessoas vivendo em situação de rua no centro do Rio. Estar na rua não significa que é “bandido”, mas que por algum motivo, está marginal à sociedade sem um devido acolhimento e com mais recolhimento. Faltam direitos humanos e políticas públicas para resgatar a autonomia e cidadania dessa população.

 

    Trago este tema para quem sabe estimular o debate e quiçá uma real mudança de nossas atitudes diante do sofrimento alheio, que de alheio é pura ilusão. Estamos conectados e uma hora, parece-me que já chegou, iremos sentir as consequências das nossas omissões. Tudo o que semearmos um dia iremos colher. Quem semeia ventos, colherá tempestades. O que estamos fazendo para contribuir com essa triste realidade? Como podemos mudar? Será que é possível?

 

     Segundo Perls, Hefferline e Goodman,

“quando estamos em contato com a necessidade e as circunstâncias, torna-se imediatamente claro que a realidade não é algo inflexível e imutável, mas que está pronta para ser recriada; e quanto mais espontaneamente exercermos todo o poder de orientação e manipulação, sem nos conter, tanto mais viável provará ser essa recriação.”

 

   Assim, proponho que possamos reorganizar nosso enredo de vida, recriá-lo, e olharmos mais para nossa história, entrando em contato com as nossas necessidades e circunstâncias, as personagens implicadas, as contingências, o momento que se deram os fatos, como foram repassados e os nossos relacionamentos. Se quisermos mudar a estrutura de algo, precisaremos não somente descobri-la, investigá-la, mas buscarmos nos conscientizar de cada experiência vivida para integrar o que está inacabado sem o ar de condenação, mas de libertação.

 

   Entendo que a mais premente necessidade para a sociedade é parar de valorizar a tela de um computador ou celular para voltar a priorizar o real contato com a outra pessoa que poderá estar na rua ou dentro de nosso lar. Parar para enxergarmos de forma mais penetrante e escutarmos os detalhes, as entre linhas, que na maioria das vezes é onde estão os mais diversos pedidos de socorro, sem que acreditemos que esta parada será um obstáculo para aproveitarmos nosso tempo.

 

    Portanto, desejo que possamos valorizar o contato, mesmo que seja com uma realidade dita a mais terrível. Ao entrarmos em contato com essa realidade, nela existirá, também, uma possibilidade criativa que nos levará ao crescimento e desenvolvimento humano.