QUEM CRÊ
sempreemfrente
Diante de tantas informações precisamos estar atentos(as) para não sermos enganados(as). Quando entramos em uma rede social nos deparamos com milhares de pessoas que se dizem ser ‘profetas’, ‘influencer’, ‘sábias” que, muitas das vezes, até podem ter boas intenções, mas a impressão que passa é que anseiam despejar suas opiniões, crenças e modismos com o intuito de apenas aumentar seus seguidores.
Chegamos em uma era em que ter seguidores parece ser mais importante do que o conteúdo postado. Torna-se irrelevante uma matéria bem redigida que, principalmente, exponha fatos verídicos. O que importa são os cliques e os tais seguidores, mesmo que sejam comprados. O que aconteceu conosco?
Dizem que estamos adoecidos(as). Prefiro não me deter a rótulos, mas provocar uma reflexão sobre àquilo que consumimos de forma automática. Será que o que estamos absorvendo têm coerência com o que pensamos e agimos em nosso dia a dia? Por que agimos como se fôssemos idênticos?
“Meu saber de mim mesmo não se constitui porque eu me aproprio de algum saber anônimo(...) Em seu ser para si, ele está completamente a sós consigo mesmo, mesmo que esse saber só possa ter se desenvolvido numa simbiose com outros. Mas não é apenas a partir da experiência de ser com os outros, mas também a partir da constituição de seu saber de si mesmo que ele sabe que ele não é o único ou exclusivo. E como esse um [indivíduo] ele precisa se distinguir de outros- não só por meio de seu ser para si, mas também por meio de outras propriedades. Fazem parte dessas propriedades diferenciadoras aquelas que pertencem ao amplo âmbito do saber- o conjunto de suas experiências e reflexões, por exemplo, que pertencem ao todo de uma vida vivida conscientemente. Mas o sujeito é, como ele sabe, um sujeito com que outros podem se relacionar, e o pensamento de si mesmo traz consigo o pensamento de uma relação a outros. No entanto, outros não podem adentrar seu ser para si que lhe é próprio. Se eles o fizessem, eles mesmos se encontrariam no ser para mim do outro e se confundiriam com ele. Assim, tornar-se-iam idênticos com aquele que eles pretendiam descobrir como o outro.” Dieter Henrich
Podemos mudar a maneira como estamos lidando com as coisas e as pessoas, se assim percebermos que estamos nos afastando de nós mesmos, correndo mesmo o risco de acreditar que a nossa personalidade não é única e que devemos estar sempre clonando o jeito de ser de outrem para conseguirmos mais seguidores e sermos, enfim, aceitos(as) e amados(as) por uma sociedade que impõe uma forma de vida que estimula, intensamente, o sentimento de inferioridade, fragilidade e impotência.
Enfim, pensar e ser si mesmo poderá abrir uma perspectiva nova e levar ao encontro com a subjetividade, vinculada ao pensamento e ao conhecimento, tão singular, e com a liberdade de nos vermos obrigados a viver a nossa própria vida. Por isso, o saber de si mesmo, através de uma reflexão ou de um processo psicoterapêutico é um fato fundamental para entendermos as várias implicações do sentido do sujeito, em relação a pensamentos, crenças, conteúdos, posicionamentos e escolhas e ampliar a compreensão de si mesmo sobre o funcionamento dos seus próprios processos psicológicos.