LEALDADE
sempreemfrente
No contexto atual, viver a nossa vocação está sendo um grande desafio. Ser fiel ao chamado mesmo diante de tantas dificuldades: ambiente insalubre, baixo salário, desmontes e perdas de direitos trabalhistas adquiridos. Levantar para trabalhar animado(a), muitas das vezes , não está sendo fácil. Tenho a impressão de que o mundo está interessado e estimula procedimentos que envolvam injustiça, corrupção, ostentação, fingimento e superficialidade. O trabalho deve promover a doença ou a saúde? A vida chega a ser um tempo de prova.
Olhar para além da moldura para enxergar toda a nossa história e todo o processo que nos fez escolher uma profissão será necessário para que não nos percamos em meio a tantas sujeiras e sucatas.
“É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia.” (2Coríntios 4,16).
Ao fazer memória do nosso propósito, não só poderemos abrir os nossos olhos para o nosso chamado e cumprir a missão que nos foi dada e aceita por nós, como também, renovar as nossas forças para conseguimos seguir em frente e , quiçá, realizar com êxito a tarefa a nós entregue com mais resistência e resiliência.
Contudo, precisaremos, também, ficar atentos(as) para não adoecermos. Entretanto, segundo Avelino Luiz Rodrigues ,“Preservar a vida enquanto se luta para ganhar a vida nem sempre é fácil.” Existe o estresse ocupacional que é dos mais simbólicos em nossa sociedade. Os agentes estressores ligados ao trabalho têm origens diversas e podem residir em condições externas, exigências culturais e condição interna.
É inegável que o trabalho tem uma importância reconhecida para a nossa saúde e bem-estar, mas nem todas as pessoas lidam com ele de uma forma satisfatória. Existem aquelas que são movidas por uma insatisfação interior, mas incapazes de dizer não às exigências externas ou internas. Elas priorizam a atividade laboral em prol das outras atividades. Negligenciam a família, amigos, lazer, pois não conseguem ter prazer em outra atividade. O trabalho passa a ser uma grande fuga para evitar entrar em contato ou enfrentar seu sofrimento interior, suas insatisfações e angústias diante da vida.
Enfim, somos sujeitos da História e transformadores da nossa própria vida e da sociedade. O trabalho pode tanto promover a doença como promover a saúde. Precisamos não só encontrar o ponto de equilíbrio entre as nossas limitações e expectativas realistas quanto à nossa vida e ao nosso ambiente de trabalho, mas também nos preocupar com o ser humano que há por trás de cada profissional (propiciar condições para expressar o que pensa e sente, valorizar o trabalho que executa, reconhecer sua competência, melhorar as condições de trabalho e assegurar que os direitos trabalhistas não sejam violados) e descobrir o que de melhor poderemos fazer para transformar a nossa vocação em um fator de saúde. Até por que “nós somos o lugar de onde viemos, mas todos os dias escolhemos quem nos tornamos.” ( J.D.Vance)