O COMBATE
sempreemfrente
Existem momentos que parece que precisamos nos expor ao risco, mostrar para o mundo as nossas crenças, valores e princípios sem receio de sermos excluídos(as) ou, como está em voga, de sermos anulados(as), para conseguirmos realizar nosso projeto de vida. Porém nem sempre é fácil enfrentar o mundo lá fora, cheio de críticas, julgamentos, incertezas e pressões.
Talvez, seja necessário primeiro trabalhar a nossa autoestima para conseguirmos encarar frente a frente todas as adversidades e os riscos emocionais que poderão ser enormes como consequência de toda uma exposição.
Tampouco, identificar o que antes nos servia de escudos e couraças contra qualquer possível ataque real ou imaginário, que nos impedia de tocar e ser tocados(as), parece ser imprescindível, se quisermos escolher seguir em frente e assumir a nossa vulnerabilidade, sinal de coragem, e nossa verdade.
Segundo a escritora Brené Brown,
“Se quisermos recuperar a parte essencialmente emocional de nossa vida, reacender nossa paixão e retomar nossos objetivos, precisamos aprender a assumir nossa vulnerabilidade e acolher as emoções que resultam disso.”
Precisaremos decidir encher o nosso peito de coragem e sair do excesso ou do outro polo que é a escassez, da paralisação, do nada que nos impede de ser.
Cabe aqui lançarmos mão de trecho do livro Terapia Vivencial, da psicóloga, professora e escritora Tereza Cristina Erthal. Lembra ela, logo na introdução do primeiro capítulo, “A clássica afirmação da filosofia existencial de que “existência precede à essência” significa dizer que o homem precisa escolher a cada momento o que será no momento seguinte; só existindo poderá ser.”
Bem como, para Kierkegaard, existir é escolher-se. O que nós fazemos depende do que queremos, do que escolhemos. A escolha é necessária e livre. Desprovida de lógica, mas não de uma psicológica. Poderemos até querer fugir da escolha de ser, de existir, de correr riscos, mas não dá para fugir da angústia da escolha, porque nossas decisões estão sempre entre o tudo e o nada. O nada é impossível de ser vivido.
Se quisermos algo precisaremos colocar a mão na massa. Fazer a nossa parte. Enfrentar os medos da exposição para conseguirmos, aos poucos, construir e quiçá realizar os nossos planos. O quietismo não nos levará à realização deles. A doutrina de Sartre é exatamente o oposto dessa tranquilidade que leva à paralisação.
“Só existe realidade na ação”; e ela vai ainda mais longe, acrescentando: “O homem não é outra coisa senão o conjunto de seus atos, nada mais além de sua vida”. Sartre.
Então, que possamos nos comprometer com a nossa vida, com o nosso projeto, mesmo que seja individual, possui um valor universal, que precisaremos construir se quisermos realizá-lo. Pedir ajuda quando necessário for, mas procurar se manter firme e perseverante, enfrentar o medo com a certeza que a coragem o enfrenta e o domina. Sonhar é muito bom, mas realizar o sonho é muito melhor. Somos o que construímos. Todos os nossos empreendimentos, as nossas ações, nossas relações, enfim, tudo o que vivemos é o resultado das nossas empreitadas. Viver é estar em movimento, combate, em exposição, em ação.