PACIÊNCIA
sempreemfrente
Diante de tantas notícias devastadoras como aguentar com tranquilidade uma eventualidade ou mesmo uma injustiça social? Haja paciência!! Diariamente, somos impactados(as) por informações que preferíamos, às vezes nem ter tomado ciência. Por outro lado, se escolhermos nos alienar de tais informações, poderemos estar sendo cúmplices de atitudes monstruosas realizadas por pessoas que podem estar em nosso entorno. O que fazer, então?
Algumas pessoas acreditam que deixar para lá, seja uma opção. Outrem, insistem que tudo o que estamos vivendo faça parte da dita normalidade. É normal um homem agredir uma mulher, uma criança ser espancada até a morte por um adulto, o responsável de uma família não ter emprego e muito menos condições de alimentar seus filhos, trabalhadores(as) vendo os seus direitos e garantias já conquistados sendo violados, o aumento da população em situação de rua, famílias não poderem sair de casa por causa da violência urbana, pessoas se drogarem cada vez mais, a população se sentir impotente diante da demora do acesso à vacina contra COVID-19... Será que tudo isso é normal?
“Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciênciaO mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência” Lenine.
Talvez, o mundo espere de nós não só um pouco de paciência como também, atitudes irrepreensíveis, indignação diante de tanta violência e injustiça, vivência de uma ética solidária e fraterna com princípios e valores universais que visem a proteção e valorização da vida, ao invés da valorização da morte, conveniência, do cancelamento e do egoísmo.
Contudo, o que recebemos como estímulo, de algumas pessoas, são mensagens muitas vezes subliminares, contendo a desistência do coletivo como a única solução. Uma ética bem negativa que afasta uns dos outros e nos aprisiona, deixa-nos dentro de uma forma sem condições de nos mexer, passa a ideia que para dar certo precisamos nos transformar em meros seguidores(as) sem o direito de expressar a nossa opinião e vontade.
Portanto, precisamos resistir a tudo e a todas as pessoas que insistem em nos vender essa normalidade como prática obrigatória da vida. Um discurso de desistência e de pessimismo que nos paralisa sem força para ir em frente.
“ Desistir...eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.” Cora Coralina.
Então, que tenhamos paciência que esperamos do mundo e que ele espera de nós, mas, também, persistência, esperança e coragem para irmos à luta e combater as injustiças, as diversas formas de violência, a fome, mentira e corrupção tão estruturadas e impregnadas em nossa sociedade. Que possamos sair daquele entretenimento que nos leva a um certo adestramento mental, uma alienação, e possamos ser capazes de duvidar, criticar o que nos apresentam para que, enfim, com paciência possamos realizar escolhas que aceitamos ou rejeitamos. Como também, assumir responsabilidades. Estagnação não, resistência, sim.