A CULTURA DO CANCELAMENTO
sempreemfrente
Tenho a impressão de que estamos vivendo a cultura do cancelamento com muito ardor. Que mundo é esse? Um dos maiores males nesses últimos tempos é a exclusão de pessoas em um piscar de olhos. Basta alguém demonstrar uma atitude inaceitável por um determinado grupo para as pedras começarem a ser arremessadas com o intuito de total destruição. Será que estamos voltando a época em que as pessoas eram apedrejadas por ferirem uma regra do grupo?
Quanta agressividade e arrogância! Ninguém é perfeito(a). Todas as pessoas, em algum momento, já cometeram algum tipo de deslize ou irão cometer. Banir uma pessoa do grupo, apenas, porque não está compactuando com ele chega a ser desumano.
Todos temos a liberdade de Ser, mesmo que alguém não goste da maneira como nos comportamos ou a forma como nos expressamos. Somos únicos. Ninguém é igual a ninguém. Precisamos nos respeitar.
Percebo que muitas pessoas estão sendo incongruentes ao se preocuparem em defender, quase com garras, seus valores pautados no ‘politicamente correto’, mas esquecem de vivê-los, realmente. Transmitem uma mensagem, porém no seu dia a dia são diferentes com as pessoas que estão ao seu redor.
Entendo que talvez por estarmos vivendo essa cultura do jogar pedra no outro, em algum momento, até para nos defendermos por medo de sermos o próximo alvo e perseguidos(as), podemos colocar de lado aquilo que inicialmente nos foi importante para a nossa caminhada.
Ao estendermos a mão para pessoas apenas por interesse próprio, podemos estar agindo como aqueles indivíduos que traíram a sua herança ao passá-la para pessoas estranhas e desconhecidas por causa de uma promessa imediata: poder, dinheiro e fama.
Parece que ao agir assim, esquecemo-nos de que toda a escolha tem consequência. Ao desviarmos dos nossos propósitos iniciais, dos valores que nos edificam, em algum momento, sentiremos o peso desse desvio e nossos olhos poderão se toldar de lágrimas.
Por isso, precisamos estar atentos(as) às alianças que fazemos ou até desfazemos durante a nossa existência, independente dos nossos motivos. Convertermos, se necessário for, os nossos passos para voltarmos a viver com autenticidade a cultura do acolhimento, do respeito às diferenças, da fraternidade, solidariedade, tolerância e de uma verdadeira inclusão social.