INSENSATOS(AS)!
sempreemfrente
Em prol de uma crença preconceituosa muitas pessoas cometem homicídio, diariamente. Quanta insensatez! Acreditam que o certo é apartar as pessoas por não fazerem parte do seu grupo ideológico. Excluem-nas com a maior facilidade. Deixam-nas à margem da sociedade e, ainda, têm o desplante de se gabarem ao dizer que seguem a lei. Que lei?
Deve ser a lei da segregação, do racismo estrutural atrelado ao preconceito social, do feminicídio, do tráfico humano, da homofobia, da fome e da escravidão. Assistimos a todo instante pessoas sendo deixadas de lado sem qualquer acolhimento, justiça e amor.
Chegamos a um ponto que não adianta mais discursar belamente ou mesmo escrever belos textos sobre a barbárie humana, se a sociedade como um todo não começar a se mobilizar de forma mais prática e harmônica para mudar esse paradigma homicida que desde muito tempo foi a base da nossa sociedade.
Como podemos acreditar que é natural nos depararmos com pessoas dormindo na rua sem ter para onde ir. Bem como, assistirmos à desvalorização e falta da equidade dos salários de trabalhadoras com os salários dos homens. Tampouco, excluirmos e inferiorizarmos pessoas negras do nosso meio social. Como também, ser coniventes com um(a) agressor(a) que busca justificativa para tal.
Enquanto não desenvolvermos novas atitudes, educarmos nossas crianças através de exemplos inclusivos, penso que será muito difícil abolirmos qualquer tipo de discriminação e injustiça enraizadas. Entretanto, não podemos nos dar por vencidos(as). Até porque a vida pode se sobrepor a morte. Ressalto a fala da escritora mineira Maria da Conceição Evaristo de Brito “Eles combinaram de nos matar; mas nós combinamos de não morrer.” Resistir sempre a qualquer tipo de opressão ou ataque homicida, também, é um ato de sensatez.
Entendo que a educação é um excelente ou talvez único caminho para abolirmos essa situação desumana que está em nossa sociedade. Através dela poderemos construir um futuro mais igualitário. Contudo, precisamos querer mudar o nosso olhar para, enfim, mudarmos o caminho, como já disse Cortella.
No entanto, não é fácil superar sozinho(a) com resiliência ações e pensamentos arcaicos que segregam, diminuem as pessoas e as tornam reféns de um utilitarismo pernicioso baseado na luta do poder. Bem disse o poeta João Cabral de Melo Neto “um galo sozinho não tece uma manhã.” Por isso, essa mudança precisará acontecer em comunhão com a maioria das pessoas, quiçá todas para conseguirmos afastar toda insensatez e desprezo ao diverso. A união em torno da causa e a força serão indispensáveis para ter ações litigantes que acolham, valorizam e respeitam a diversidade humana nas múltiplas, variadas e particulares manifestações.
Assim, destaco as palavras de Aristóteles “ o ignorante afirma, o sábio duvida e o sensato reflete". Confesso o meu desejo, neste momento, de querer que sejamos pessoas sensatas. Porém, sem ficarmos acomodados(as)apenas nas reflexões, indignações e repúdio. Movimentando-nos na direção de uma verdadeira transformação em nossa sociedade, reconhecendo as diferenças sem exaltar as desigualdades.