Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

02.11.20

CONFIANÇA


sempreemfrente

   Ao me deparar com a frase em Daniel 3, 40 “..., porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua confiança.” Passei a refletir o quanto é importante confiarmos em alguém ou em algo superior a nós para nos ajudarmos a passar pelas intempéries da vida. Afinal de contas quem em algum momento não sentiu dor?

 

  Quando estamos diante de um perigo potencial ou real ou sobre a quebra da homeostase organísmica precisamos de algum sinal para nos protegermos e nos cuidarmos. A dor é um belo sinal. Entretanto, a dimensão dela é sempre multifatorial. Por isso, precisamos levar em consideração os vários contextos envolvidos.

 

  No poema Definitivo de Carlos Drummond de Andrade, o fenômeno da dor é expresso sem nenhuma ambiguidade “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.” Quanta clareza! É fato que iremos uma ora ou outra sentirmos dor, porque estamos vivos(as). Contudo, permanecermos no sofrimento será uma escolha influenciada por inúmeros significados.

 

  Não posso deixar de destacar um pedaço da citação da Andréa G. Portnoi ao escrever sua apresentação no livro A Psicologia da Dor :

 

  “Dor e sofrimento costumam estar associados, mas não são sinônimos. A dor é sentida quando sinais nervosos carregados de informações chegam ao cérebro e o sofrimento se estabelece a partir dos inúmeros significados pessoais, históricos e culturais que cada indivíduo atribui a essas informações.”

 

   Dar um basta ao sofrimento me parece um grande desafio, pois não é tão simples assim lidar com esses incontáveis significados que perpassam em nossa vida, principalmente, se nos encontrarmos sozinhos(as) e isolados(as) sem nenhum núcleo de apoio.

 

   Às vezes “ Falar da sua doença pode ser considerado falta de educação. Para algumas pessoas você deve sorrir, falar amenidades, chupar um pirulito invisível, porque por algum motivo alguém decidiu que há muito tempo que falar sobre a dor é falta de educação, que esconder a dor, se esconder da dor faz mais sentido. Não faz. É uma mentira. Uma mentira que nos conforta e nos destrói.”(autor(a) desconhecido(a)).

 

   Somos seres sociáveis. Precisamos estar conectados. Expressar os nossos afetos e pensamentos sem medo de sermos rotulados(as) por A ou B e, muito menos, excluídos(as) por falar da nossa dor e sofrimento. Se conseguirmos encontrar apoio, consolo e acolhimento com empatia, compreensão, aceitação e compaixão poderemos chorar juntos(as) e quem sabe , mais lá na frente, poderemos vivenciar, livremente, o nosso processo da dor e sofrimento de uma forma mais leve ao ponto de  superá-los.

 

   É reconfortante e curativo poder ser quem somos, no momento do encontro, com alguém ou com um Poder Superior que depositamos a nossa confiança e temos a liberdade de sermos transparentes ao ‘vomitar’ nossa dor e sofrimento, quão negativos ou positivos eles sejam. Como também, ter segurança, através de condições apropriadas, ao embarcar no processo de autoconhecimento e quiçá de cura daquilo que , ainda, impede-nos de ir além nas nossas relações e crescimento pessoal.

 

   Uno meu pensamento à compreensão do psicólogo norte-americano Carl Rogers que expressou em seu livro Tornar-se Pessoa a importância das relações humanas para nos ajudar no processo da cura, “restituir no ser humano a sua capacidade relacional” para tornar-se mais integrado e efetivo.

 

   Logo, buscar ajuda com alguém em quem depositamos a confiança para nos acolhermos será a primeira ou a principal escolha para que possamos seguir em frente. Reconhecer a multicausalidade da experiência subjetiva da nossa dor, aderir ao melhor tratamento que tem a ver conosco, reconquistar o domínio sobre a nossa própria vida, retomar o que ficou pelo caminho e voltar a nos interessar pela construção do nosso projeto de vida sem que o foco das nossas atenções seja somente a dor e o sofrimento, mas sim a delícia de ‘Ser como É’.