PROMESSA DE RESTAURAÇÃO
sempreemfrente
Nunca precisei tanto praticar a paciência como nestes dias. Já estamos praticamente isolados socialmente, 120 dias, como estratégia de prevenção ao Corona Vírus- COVID-19. Desde que ficamos sabendo da existência dele dentro do nosso país, as pessoas não pararam de respirar sobre este assunto. O que é bastante compreensível. Porém, bem desgastante. Choveram ideias, novos paradigmas e promessas de restauração para que pudéssemos evitar que o isolamento social nos levasse ao isolamento psíquico, bem como ao suicídio.
De acordo com Anelise Lusser “A prevenção ao suicídio passa necessariamente pela construção de uma vida digna”. Não se pode pensar nele como um evento isolado. Para evitar a morte precisamos potencializar estratégias com a vida.
Diante da impossibilidade de transitarmos com segurança pela saúde, educação, cultura, transporte e trabalho, percebemo-nos mobilizados e, muitas vezes, paralisados ante ao descaso público que já acontece desde muito com a população, principalmente, a mais vulnerável socialmente. Haja paciência para não acabarmos sendo pacientes em um hospital que não tem as mínimas condições para receber os cidadãos que cumprem com seus deveres, mas que veem seus direitos violados cotidianamente.
O que fazer? Talvez seja prudente cauterizarmos a culpa e entregar para quem é de direito as suas responsabilidades. Toda relação ocorre em mão dupla. Por isso, não podemos negar as responsabilidades de ambas as partes. Segundo Antoine de Saint- Exupéry, “Cada um é responsável por todos.”
Portanto, o poder público quanto os cidadãos, em algum momento, contribuíram de alguma forma com todo esse descaso. Parece que com a chegada do COVID-19 ficou claro que o sistema está deteriorado. Ou será que ele foi construído para não funcionar? Que País é esse? Talvez seja um grande momento para refletirmos e buscarmos a transformação. Como disse Izabella Camargo, “O momento que a necessidade se fez premente, esse é o melhor momento.” Momento para sinalizar à população que os níveis da saúde expressam a organização social e econômica do País. Momento de priorizar o cuidado conosco. Momento de valorizar o nosso bem estar físico, emocional e social, se não quisermos voltar a ficarmos rendidos na presença de um outro vírus.
Sabemos que não dá mais para negar que a forma como o sistema funciona está deixando a população cada vez mais exposta não somente ao possível contágio com o COVID-19, mas também às outras doenças já existentes.
Tampouco, negar o impacto psicológico dessa Pandemia nas pessoas. Conforme a ISMA-BR (International Stress Management Association), as doenças mentais serão a quarta onda pós COVID-19. A cada dia o tema da saúde mental passou a ser visto com um outro olhar. Um olhar mais atento e acolhedor. Dada a importância de todas as pessoas, independentemente, da classe social, raça, orientação social e credo precisarem expressar os pensamentos, sentimentos e afetos perante toda a situação apresentada.
No entanto, não adianta sermos catedráticos em um tema se não vivenciarmos ele. A professora de Filosofia Lúcia Helena Galvão, durante uma Live, proferiu a seguinte frase: “O conhecimento é formação, é resposta viva.” Devemos integrar o conhecimento e transformar em qualidade de vida. Dar sentido à vida com valores que nos sustente como a solidariedade e generosidade. E procurar enxergar o que realmente poderá ser letal como o sectarismo, egoísmo, ódio e a cólera, podendo prejudicar a nossa rede como suporte e apoio no cuidado em saúde mental.
Assim, espero que estejamos abertos para aprendermos com a Pandemia COVID-19 o que precisamos praticar, restaurar, melhorar e transformar. “Quando o ouvido está pronto, a mensagem chega.” ( Pseudônimo : Os três Iniciados).