ATIVISMO
sempreemfrente
Nos dias atuais, estamos cada vez mais sendo bombardeados(as), envolvidos(as) e estimulados(as) a estarmos conectados(as) com os mais diversos assuntos sem ao menos nos dar conta se eles nos dizem respeito ou mesmo contribuirão para o nosso desenvolvimento. O que está acontecendo conosco?
Tenho a impressão que existe um tremendo ativismo o qual acredita e defende que todos(as) estejam, sempre, ocupados(as)com alguma tarefa. Parar para observar com mais cuidado e clareza, duvidar e criticar com o intuito de enxergar, discernir e decidir sobre o tipo de mensagem que estão nos enviando, qual a intenção, se é verídica ou não, se nos diz respeito, pode parecer estranho e até vir a contribuir para sermos julgados(as) por estarmos, através dessas ações , cometendo um grande delito, um insulto a quem a propagou. Será?
Talvez o maior insulto seja conosco quando não respeitamos os nossos valores, crenças e princípios éticos, menosprezando-os, em prol de sermos aceitos por pessoas conhecidas ou desconhecidas, que não nos aceitam nem nos respeitam. Precisamos aprender a nos valorizar, bem como valorizar o nosso tempo que nos é preciosíssimo. Afinal de contas, não temos o poder de voltar atrás. Pelo menos, não tenho esse conhecimento que exista alguma máquina do tempo que nos permita retornar ao passado e consertar as nossas escolhas que tiveram como consequência perdas irreparáveis. Como enfrentar e lidar com isso?
Que tal refletirmos como estamos lidando com o tempo que nos é oferecido, diariamente? Como estamos fazendo uso da tecnologia? Estamos só assimilando causas que, muitas das vezes, provocam certas atitudes que contribuem com nosso adoecimento, recheadas de cobranças, exigências e rótulos que cada vez mais reduzem e aniquilam a nossa existência e empobrece a nossa convivência?
Não tenho a pretensão de responder esses questionamentos, mas espero que contribuam para o enfrentamento desse ativismo acelerado e constante o qual impera, na maioria das vezes, uma quantidade absurda de mensagens, fotos, de incentivo às relações virtuais, áudios, likes e comentários, que dependendo de como lidamos com isso e da importância que damos a tudo que nos enviam , poderá nos afastar do real contato humano , das relações interpessoais olho no olho, das diferenças que nos enriquecem e do cheiro de quem amamos ou estamos aprendendo a amar ou respeitar como pessoa.
Procurar reservar um tempo para aprender a proteger nossas emoções, gerenciar nossos pensamentos e elaborar todo esse excesso de informação e demanda que é derramado em nossa mente, em milésimos de segundos, poderá, também, ser uma das formas de enfrentamento e nos ajudar a cuidar da nossa saúde mental.
O nosso corpo fala. Entretanto, precisamos querer escutar o que ele nos diz, seja através de um aumento da irritabilidade, baixo limiar para frustração, dificuldade em se adaptar as contrariedades e insatisfações, compulsões, dores musculares, fadiga extrema, insônia, tristeza e diversos outros sintomas psicossomáticos que aparecem aos poucos, mas como estamos tão preocupados com as demandas tecnológicas , acabamos não dando ouvidos para os sintomas que chegam a gritar, indicando-nos que algo deve ser revisto.
Por isso, precisamos aprender a desacelerar a forma como estamos lidando com tudo que nos rodeia. Reciclar as crenças, as informações, as notícias, os avisos e recados e passar a respeitar mais a nossa vida, aumentar o prazer de viver, a criatividade, a generosidade e a afetividade. Olhar mais para a nossa história e nos colocar como o (a) protagonista e não um(a)simples coadjuvante ou mesmo espectador(a) que não tem o poder de mudar o roteiro.
Logo, é necessário estarmos mais interessados e abertos a conexão conosco, com o que acreditamos e com o que nos rodeia, bem como atentos a cultura dos excessos tanto da tecnologia, das preocupações com a vida dos outros e da nossa, dos ativismos e argumentações, das drogas e do consumismo em geral para que não sejamos pegos de improviso, desprevenidos, no momento de realizarmos as nossas escolhas, causando consequências, muitas das vezes dramática, para a nossa existência.