CRÍTICAS E MAIS CRÍTICAS
sempreemfrente
Estamos vivendo uma época onde expressar os nossos pensamentos e emoções pode ser muito perigoso. Chegamos até a ouvir: cuidado com as palavras! Entretanto, creio que o que precisamos ter realmente é o cuidado de não poder usar as palavras e acabar renunciando quem somos não só em prol das relações de poder, mas também do "politicamante correto" e da perfeição que inexiste.
Segundo o filósofo francês Michel Foucault, a sociedade faz uso abusivo do poder através das organizações de espaços para controlar a nossa forma de pensar e de agir com o intuito de dominação. Desta forma, precisamos estar atentos para ao invés de pertencer a nós mesmos não passarmos a analisar e nos encaixar em saberes que não nos dizem respeito, dando ouvido para um grupo de pessoas que cisma em ditar o que é certo e errado para todos(as) nós. Uma vez que assim o fizermos, poderemos nos distanciar de quem somos para caber nesta caixinha "da perfeição" e acabar silenciando, cada vez mais, a nossa existência ao deixar de lado as nossas crenças e conceitos por medo da exclusão e permitir a coação e controle.
De acordo com o filósofo citado, anteriormente:
"Temos antes que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é inútil), que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder."( Vigiar e Punir, pág.31, 1999).
Contudo, se começarmos a buscar ajuda profissional, trabalhar a nossa autoestima, ampliar o nosso autoconhecimento, poderemos tirar essa " mordaça controladora", ser assertivos(as) e desenvolver atitudes que venham a nos encorajar a expor também as nossas imperfeições, fraquezas, angústias e tristezas sem medo de estarmos sendo pouco ou muito vulneráveis diante dos outros. Afinal de contas ninguém é perfeito e muito menos feliz o tempo todo. A frase " e viveram felizes para sempre" só existe nas fábulas. Então, por que nos importar com as críticas?
Finalizo com o trecho do discurso de um dos ex-presidentes dos EUA, Theodore Roosevelt, citado em uma das palestras da pesquisadora Brené Brown:
"Não é o crítico que importa.Nem aquele que aponta quando o outro tropeça, nem aquele que diz que o outro devia ter agido diferente. O mérito é do homem na arena, aquele com o rosto sujo de poeira, suor e sangue, que se empenha, que erra, que fracassa, uma, duas, três , quatro vezes. Aquele que, no final, embora conheça o triunfo da vitória, pode até fracassar, mas se arriscando a ser imperfeito."
Enfim, sejamos quem somos mesmo com críticas e mais críticas.