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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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08.04.19

RECEBER A MISSÃO DE SERVIR


sempreemfrente

          Hoje, estamos, quase que diariamente, recebendo uma enxurrada de notícias sobre os mais diversos servidores, principalmente os públicos, independente do regime jurídico, de estarem sendo suspeitos por fazerem uso de forma indevida do dinheiro da máquina pública , bem como de distorcerem a missão de servir à sociedade. Onde nós chegamos?

         

          Alguns servidores que têm como precípua função servir a população demonstram na verdade passar grande parte do seu tempo ocupados em administrar o seu próprio interesse, ao invés do coletivo. O bem-estar deles vai na frente do da sociedade, apresentando um comportamento questionável sem escrúpulo e antiético.

     

           Segundo Mário Sérgio Cortella,

 

“ A ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para responder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?”

     

        Muitas das vezes vivenciamos alguns dilemas éticos diários que nos colocam em conflitos: Quando precisamos escolher entre os nossos princípios e a lógica de algumas pessoas, que nos convidam a aceitar algum tipo de propina ou mesmo fechar os olhos para ações lucrativas, que poderão multiplicar as nossas finanças e nos manter no serviço. Diante desse dilema o que fazermos? Ter que escolher entre o certo e o errado em relação aos nossos valores e princípios pode não ser nada fácil.

       

          É certo que fazemos parte de um grande grupo e por mais que queiramos ou não, dependemos uns dos outros para nos mantermos vivos dentro dele. A decisão pode até ser individual, porém as consequências nem sempre.

           

            Voltaire disse:

“É perigoso estar certo em questões nas quais as autoridades constituídas estão erradas.”(Apud, O que Nietzsche faria?, pág. 218).

        

           Mas será que deveremos nos calar, omitir-nos? E aí, qual será a nossa conduta quando nos depararmos com servidores que têm condutas imorais, ao irem de encontro com determinados princípios que a nossa sociedade tem?

      

         O filósofo citado acima, foi um implacável defensor do direito à liberdade de expressão e jamais deixou de dizer o que acreditava o que deveria ser dito. Ele defendia que era através da manifestação do pensamento, sobretudo através da escrita, que podemos provocar uma mudança, quiçá uma grande reforma. No entanto, não adianta, somente, escrevermos, gritarmos aos quatro cantos ou reclamarmos que não concordamos com o rumo que as coisas estão tomando. Faz-se necessário para continuarmos vivos, protestarmos, ativamente, das mais variadas formas contra toda e qualquer ação que desqualifique a missão de um servidor e favoreça a corrupção e injustiça social.

   

       Assim, quando nos defrontarmos com notícias devastadoras em relação aos administradores do nosso dinheiro que saquearam e , sabe se lá se continuam saqueando os cofres públicos, sem dó e nem piedade, precisaremos nos mobilizar, resistir e estimular o pensamento crítico para evitar que toda essa ação seja naturalizada ou mesmo “ institucionalizada.”

     

     Tampouco, precisaremos tomar cuidado para não menosprezarmos todos(as) que receberam a incumbência de servir ao coletivo. Nessa hora uma boa dose de discernimento se faz necessário para separar o joio do trigo, identificar quem distorce o ofício e valorizar quem realmente desempenha e cumpre a função de forma honrosa, apesar das seduções e convites tentadores para que a missão não seja executada.

     

         Portanto, se quisermos saber onde nós chegamos, faz-se necessário não só nos mantermos atentos no julgamento, mas ainda procurarmos mantermos os nossos olhos bem abertos e valorizarmos todo e qualquer serviço, a ação de dar de si algo em forma de trabalho que nos desperta para a nossa vocação, para a tarefa em favor de alguém ou do coletivo e, que nos impulsiona a desempenhar a atividade que nos foi designada, enxergando o verdadeiro significado dela, mesmo que não sejamos compreendidos(as) por estarmos sendo fiéis à missão recebida.