FILHOS(AS)
sempreemfrente
Várias vezes me deparei com algumas pessoas que acreditam que os (as)filhos(as) são dons de Deus. Contudo, será que esses(as) filhos(as) se consideram ou mesmo agem como um presente, uma dádiva divina para os seus pais?
Existem muitas pessoas que por mais que entendam o significado da palavra presente, não conseguem se ver como tal, muito menos não conseguem se permitir, mesmo que desejem, estar ao lado dos seus genitores os ajudando, orientando ou cuidando. O que acontece com eles(as)?Talvez existam vários motivos que poderão influenciar nas atitudes desses(as)filhos(as).
A família é uma instituição social que tem passado por várias mudanças durante a nossa história. É no seio dessa instituição que ocorre a produção da subjetividade e as funções parentais são definidas e divididas com outras agências sociais.
“ Assim, a família reproduz, em seu interior, a cultura que a criança internalizará(...)
A importância da primeira educação é tão grande na formação da pessoa que podemos compará-la ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/ indivíduo, relativizando o poder da família.”
(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008, pág. 241).
Algumas famílias estruturam suas relações no status, riqueza e no poder. Estimulam seus membros a competirem entre eles, fazendo com que sejam adversários e valorizem o relacionamento que seja útil e vantajoso. Quando um membro familiar adoece e não pode mais produzir, é visto como inútil e precisa ser descartado. Grupos familiares, assim, demonstram não nutrirem algumas características que são importantes para que uma relação afetiva se mantenha firme: o respeito, admiração e confiança.
Não tenho aqui a pretensão de discorrer sobre os vários motivos de um(a)filho(a) agir com desprezo ou indiferença diante da necessidade de um familiar que o(a) criou, bem como julgá-lo(a) ou mesmo determinar o que é certo ou errado. Contudo, espero que este texto sirva de instrumento de reflexão sobre a nossa realidade. Mais do que isso , que possamos não só refletir sobre ela, mas também buscar transformá-la.
“ Faça o que puder, com o que tiver, onde estiver.”
(ROOSEVELT apud AL-ANON, 1997, pág.41).
Logo, se ao refletirmos percebermos que precisamos melhorar a forma como estamos nos relacionando com nosso ente querido, poderemos desenvolver algumas atitudes: começar do zero o jeito como mantemos contato ; transmitir limites, se assim percebermos que é importante; experimentar estreitar ou não os laços; descobrir o porquê e como nos mantemos em um relacionamento qualificado como adoecido e revestido de capa protetora diante um do outro ; procurar também descobrir como afetamos e fomos afetados nas relações; entender os valores e culturas do nosso grupo familiar; dar novo significado às experiências vividas; aprender a administrar nossas emoções e sentimentos e desconstruir os velhos hábitos que nos enrijece e afasta do encontro e contato mais íntimo , transparente e verdadeiro. Afinal de contas somos ou não uma dádiva divina para os nossos pais?