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Rosangela Perez / Instagram: @psicologarosangelaperez

Espaço destinado para provocar as mais variadas reflexões e inquietações sobre diversos temas do nosso cotidiano. Espero que contribua e o(a) estimule a transformar sua realidade. Meu site: www.psicologarosangelaperez.com.br

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18.08.18

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?


sempreemfrente


        Em algum momento da nossa vida já escutamos alguém nos indagar sobre as nossas escolhas profissionais : O que você vai ser quando crescer? Parece que só seremos alguém depois que realizarmos a escolha profissional.


       A fase do desenvolvimento na qual somos pressionados para realizarmos a escolha da nossa profissão é a adolescência. Nessa fase, encontramo-nos, muitas vezes, confusos(as), inseguros(as) diante da chegada de um novo mundo cheio de descobertas, conflitos, emoções exageradas, paixões, ideologias, turmas...e é nesse exato momento que precisamos tomar a grande decisão pela carreira profissional.

       O que fazer diante de várias demandas? Muitas pessoas costumam se direcionar para os adolescentes às vezes com ar de imposição ou mesmo apresentam receitas prontas de como conseguirem alçar o sucesso profissional, ditando o que devem levar em consideração no momento da escolha da profissão a seguir: satisfação pessoal, sucesso financeiro, realização dos desejos dos pais, preconceitos embutidos, mitos... como se todos nós estivéssemos no mesmo tempo da caminhada e preparados para dar a tão esperada resposta aos nossos familiares e ou amigos sobre qual é a nossa vocação.

     Comungo com a ideia de Tabajara Dias, quando ele expressa a importância do papel da família , ouso acrescentar, original ou escolhida, que desempenha no momento da escolha da carreira profissional. “É no convívio da família que se formam os conceitos, aspecto extremamente importante quando consideramos a estruturação de um projeto de carreira.”

      Penso que conviver com pessoas que desde cedo nos estimulam a fazer escolhas e projetos, a respeitar o nosso tempo sem nos pressionar, a ajudar a descobrirmos o que gostamos e o que nos deixam desanimados, acreditar em nosso potencial, a buscar nos encorajar a enfrentar nossos medos, a aprender com os erros, não desistir frente às dificuldades, poderá contribuir para que na hora H, no momento da tomada da grande decisão da nossa vida, a escolha seja feita de forma coerente com o nosso momento, respeitando as nossas habilidades e facilitando a descoberta da nossa vocação, do nosso chamado para servir dentro da sociedade à qual estamos inseridos(as).

      Entretanto, todo projeto requer desenvolvimento de algumas etapas para que os nossos sonhos sejam projetados e realizados, e uma dessas etapas é o estabelecimento do objetivo. Como identificar e definir este objetivo que faz parte não somente do projeto de carreira, mas do projeto da nossa vida? Considero importante que antes de definirmos qual objetivo, precisamos conhecer-nos, tomar contato com as nossas emoções, nossa história familiar, motivação, cultura, nossos sentimentos e humor, porque o conhecimento antecede a escolha.

      Assim, descobrir o que queremos ser quando crescer, qual a nossa vocação, entendo não ser tão simples como algumas pessoas pregam e esperam que tenhamos a resposta de imediato, pois saber qual é a nossa vocação, nossa missão na sociedade, implica várias questões que perpassam no momento dessa escolha: psicológica, fisiológica, social, financeira... Por isso, acredito que para realizarmos uma escolha precisamos ir em busca primeiro do nosso autoconhecimento, tomar posse da nossa vida, descobrir o que está encoberto, surpreender-nos diante do nosso potencial e habilidades para enfim conseguirmos ou não encontrarmos a resposta sobre qual somos indagados: O que você vai ser quando crescer?
01.08.18

RECONCILIAÇÃO


sempreemfrente

      Buscar a reconciliação com a nossa história ou com outra pessoa penso não ser fácil. Temos a tendência à apontar os erros dos outros do que reconhecermos os nossos. Até por que para isso precisaremos, antes de tudo, aceitar que cometemos algum deslize na relação. Uma vez que aceitamos poderemos dar o próximo passo em direção da tão sonhada reconciliação, quiçá mútua, e melhorar os nossos relacionamentos.

     

      Contudo, aceitarmos que não somos perfeitos, que em algum momento da nossa vida magoamos, traímos , ferimos, provocamos alguma ação indevida que acabou resvalando em alguém e prejudicando não somente essa pessoa mais o grupo o qual estamos inseridos, pode ser muito difícil e doloroso, porém será uma bela iniciativa para darmos a largada para a nossa mudança e melhorarmos a nossa qualidade de vida, bem como, as nossas relações humanas e interpessoais, se assim desejarmos restabelecer as boas relações com quem estávamos brigados.

 

     Quantos desentendimentos surgem puramente como consequência de choques de ideias! Ouvimos diversos discursos sobre as diferenças raciais, culturais, religiosas, de gênero, crenças em geral, mas na hora de nos relacionarmos se não estivermos atentos , comprometidos em manter a relação, acabamos por cometer erros crassos, expressando as nossas ideias preconcebidas sem nenhuma reflexão sobre o assunto.

 

       Não só os conflitos podem causar fissuras na relação como também, a crença de que o que a sustenta é aquilo que já construímos , está pronto e conquistado não tendo mais nada para melhorar ou mesmo conquistar. Quando pensamos assim, demonstramos falta de humildade e abrimos brecha para o surgimento de uma rachadura proveniente desde uma simples acomodação até o comprometimento severo da relação como um todo, podendo ficar mais difícil a reconciliação.

 

      Tampouco a falta de perdão poderá provocar contendas e desuniões nos relacionamentos, quando permitimos que todos os sentimentos envolvidos  acabem endurecendo o nosso coração e nos deixem cada vez mais isolados sem o desejo de realizar o encontro com outrem. Não percebemos que, aos poucos, podemos alimentar o motivo da briga e ficamos, remoendo-o dentro de nós, ao reviver todos os rancores, decepções e intrigas, ao cultivar  o apego da desarmonia e inimizade sem querer avaliar os sentimentos nem considerar que toda a relação é de mão dupla e, como tal, também temos responsabilidades em como nos relacionamos. Como também, ao não aceitar que ninguém é perfeito ao ponto de estar sempre certo, bem como imperfeito, sempre.

 

       A reconciliação conosco e com as outras pessoas requer esforço e é um grande desafio existencial. Não querer mais se alimentar de sentimentos ruins que contribuem para danificar as relações humanas e interpessoais e querer  seguir em frente como o tempo faz. Ressalto o Imre Madách em A tragédia do homem:

 

“ Esforço vão! Indivíduo nenhum/pode ir de encontro à época em que nasceu./O tempo é um rio que leva ou que afoga:/nele se nada, nele ninguém manda./Os grande homens de que fala a História/foram os que entenderam bem seus tempos./Não amanhece porque o galo canta:/o galo é que canta porque amanhece.”(Apud, A Sorte Segue a Coragem , pág. 31, 2018).

 

 

        Assim, rogo  que possamos com humildade, pedir ajuda , quando necessário for, para deixar de olhar,  de forma incessantemente, para o passado, alugando-o, mas que diariamente possamos administrar o tempo que temos e que nos resta, certos de que não temos como voltar atrás. Entretanto, podemos elaborar e dar novos significados ao que nos aconteceu, aprender a cultivar as nossas experiências, atitudes e sentimentos ao permitir que a porta da reconciliação fique aberta e nos leve à nossa edificação e a bons relacionamentos que são recheados de imperfeições e diferenças, mas que nos ajudam a viver e amadurecer.