VIDA ESTÉRIL
sempreemfrente
Nas últimas décadas, a Ciência avançou significativamente no campo da reprodução humana. A infertilidade, que já foi um fantasma na vida de muitos casais, hoje não é mais um problema sem solução. Com diversas técnicas sofisticadas usadas em seu tratamento, o sonho da maternidade e paternidade virou realidade. Entretanto, algumas pessoas apesar de conseguirem isso, continuam mostrando em seu cotidiano uma vida estéril.
É sobre essa esterilidade humana que trato neste texto. O exato momento quando a luz amarela acende, sinalizando-nos que as escolhas não deram frutos, foram malsucedidas.
O que fazer diante desta descoberta? Paralisar ou seguir adiante, apesar da improdutividade?Penso que precisamos enfrentar a realidade a fim de provocarmos uma mudança satisfatória.
No entanto, nem sempre esse enfrentamento é fácil e menos doloroso, porque mudar nos causa medo do desconhecido.Muitas vezes, preferimos ficar na zona de conforto, aparentemente mais seguros, apesar do sofrimento e da insatisfação. Sem força para mergulharmos em nós mesmos, esperamos que os problemas por si só se resolvam.
Penso que existem diversas causas que podem nos levar à areia movediça e para conseguirmos sair, precisaremos partir para a ação.
Talvez, nos falte uma verdadeira entrega e doação àquilo que nos transforma em pessoas fecundas, como também, um verdadeiro compromisso conosco e com os outros que estão ao nosso redor.
O tempo passa e de repente nos percebemos estéreis aos acontecimentos do cotidiano. Não mais enxergamos as nossas reais necessidades e nem das pessoas que estão ao nosso lado.
Parece que nada nos incomoda, acreditamos ser normal ou natural a insatisfação e a infelicidade que sentimos ao conduzirmos nossa vida, assim como, a acomodação diante dos fatos que surgem diariamente dentro da nossa família e sociedade. Ficamos insensíveis e anestesiados com os problemas sociais e políticos, prostrados diante dessa triste realidade : a esterilidade humana.
Quantas pessoas clamam por um ouvido amigo, desejam ser acolhidas, reconhecidas, ajudadas, aceitas e amadas!
Mas, às vezes, fingimos-nos de mortos diante dessas súplicas, não nos interessamos pelas necessidades alheias, porque estamos muito ocupados olhando para o nosso umbigo e não nos damos conta das pessoas que estão aguardando uma única e, talvez, pequena ação que fará a diferença.
Discursar bonito não mudará o cenário, tampouco, ficar na lamúria, lamentação, reclamação e no papel de vítima.
Por isso, quando surge alguém que se apresenta suscetível à mudança, que não se acomoda diante de um diagnóstico de infertilidade e fazendo uso de muita fé, fidelidade aos seus valores, com determinação à construção de um mundo com mais acolhimento, paz, justiça, esperança, partilha e reconciliação, nos causa surpresa e espanto, já que, uma vida estéril começa a se transformar diante dos nossos olhos e a dar lugar para outra, mais produtiva e fértil. E por mais que desejemos isso, quando acontece, sempre nos surpreendemos com tal resultado.
(Fonte da imagem:www.google.com.br).