A NOSSA MORADA
sempreemfrente
Há muito a humanidade se preocupa onde morar, poder descansar, ter um abrigo, sentir-se seguro das tempestades e perigos que por ventura possa aparecer em seu cotidiano, valorizando a habitação externa e não a interna.
Percebemos que quanto mais o tempo passa mais esse tão sonhado lugar, para algumas pessoas, fica mais distante da sua realidade, principalmente, o lugar próprio.
Encontrar esse lugar que seja exato, preciso, apropriado, atenda as nossas expectativas, anseios e particularidades é um sonho.
Têm pessoas que passam quase que a vida toda juntando as suas economias para no final da sua vida poder clamar em alto e bom som que conseguiu a moradia que pertence a ela, exclusivamente.
Entretanto nem todas as pessoas se preocupam ou mesmo se ocupam em cuidar de uma moradia que já pertence a elas desde que nasceram: seu corpo e alma.
Não tenho o interesse de entrar em questões religiosas, mas provocar um questionamento sobre como estamos cuidando de nós mesmos, dessa moradia que acolhe a nossa história, emoções, desejos, limites...
O mundo atual está cada vez mais dinâmico e acelerado. Muitas das vezes, não conseguimos parar para nos escutar, entender as informações que o nosso corpo nos envia, diariamente, sejam através de uma taquicardia, sudorese intensa, tremores, dores musculares, insônia, preocupações exageradas com o futuro, sofrimento por antecipação, medos intensos, irritabilidade, impaciência, intolerância e outras.
Algumas pessoas acreditam que esta ‘máquina’ que convive conosco, desde o nosso nascimento, pode aguentar todas as pressões sem nenhuma consequência.
Ledo engano!Como são inocentes ou mesmo displicentes com esta tão importante moradia.
De certo que existem pessoas resilientes que têm a capacidade de enfrentar adversidades e conseguir superar essas situações, recuperando-se diante delas. No entanto, existem aquelas que não têm essa capacidade.
Independente de quem possua ou não essa capacidade, algumas pessoas não percebem que precisamos separar o que nos edifica do que nos empobrece , procurar reciclar hábitos, aprender a gerenciar nossos pensamentos e emoções, ser responsável pelas nossas atitudes e por tudo que ingerimos durante a nossa existência porque, muitas das vezes, o que apodrece e estraga a qualidade de vida das nossas relações vem do nosso interior.
Se quisermos morar bem, precisamos fazer por onde. Olhar para dentro de nós e buscar descobrir como a nossa moradia vem sendo construída, que tipo de material vem sendo utilizado, se a nossa estrutura está frágil ou firme. Porém, mergulhar em nosso interior nem sempre é uma prioridade em nossas vidas, mas indispensável para alcançarmos o nosso crescimento e mantermos o que já conseguimos.
Claro que colocar tudo isso em prática não é tão simples e nem muito menos fácil, mas, também, não é impossível. Para começar a arrumar o que habita em nós, precisaremos estar incomodados com o jeito que a nossa casa se encontra para, depois, decidir começar a identificar o que está acontecendo conosco. Esse processo, às vezes, não poderá ser realizado sozinho, precisaremos pedir ajuda.
Contudo, se não valorizarmos essa morada, se não quisermos entrar nesse processo, talvez tudo aquilo que já alcançamos ou estamos batalhando para alcançar poderá vir a desabar com um simples vento.
Por isso, tomar a decisão de valorizar e cuidar da nossa moradia é uma demonstração de amor próprio.
Anseio que possamos nos apoderar daquilo que nos pertence, certos que somos os autores e protagonistas da nossa história, identificar o que precisa ser melhorado, capacitar e gerir nossa casa interior, procurar desacelerar, se preciso for, os nossos pensamentos, filtrar os estímulos estressantes, mudar o nosso jeito de olhar a vida e os problemas, ousar mais, inovar, desenvolver novas atitudes, fazer uma grande higiene mental, parar de querer ser perfeito, dialogar mais conosco e acima de tudo ser fiel aos nossos valores, nossa qualidade de vida e nossa maravilhosa, única e intransferível morada.
(Fonte da imagem:www.valinhos.sp.gov.br)